Já disse aqui no blog e vou repetir: sou apaixonada pelos clássicos. Nunca a literatura contemporânea produziu em mim um décimo do efeito que alguns clássicos produziram. Dostoiévski figura entre meus autores preferidos, e cada obra que leio dele o admiro ainda mais. Com O Eterno Marido não foi diferente.
Logo que comprei esse livro, surgiu em mim a dúvida do porquê do título, um tanto curioso. Eternos Maridos seriam os homens que só existem para adorno de suas esposas - homens submissos, sem personalidade, sem vontades próprias. Ao que a própria narrativa se incube de conceituar e explicar:
"A seu ver, o caráter essencial de semelhantes maridos consistia em serem, por assim dizer, "eternos maridos", ou, dizendo melhor em serem, na vida, unicamente maridos e mais nada. Um homem dessa espécie nasce e cresce tão somente para se casar e, após o matrimônio, tornar-se de imediato um complemento da esposa, mesmo que possua indiscutivelmente personalidade própria... Se por exemplo, além disso, era ainda funcionário público, isto se dava unicamente porque o próprio serviço na repartição tornava-se também, para ele, por assim dizer, uma das obrigações do seu matrimônio..."
A trama gira em torno de dois personagens principais: Veltchaninov e Páviel Pavlovitch, esse segundo sendo o "eterno marido". Pavlovitch, após a morte da esposa a qual era extremamente dedicado, descobre que esta teve muitos amantes durante sua vida - um deles sendo um velho amigo seu, Veltchanimov. Esse segundo é um jovem indeciso, enquanto o viúvo afundou-se no álcool. Grande parte do livro é pautada no reencontro dos dois, marcado por grandes emoções. Páviel e sua esposa tiveram uma filha, na data do reencontro já com dez anos e uma saúde muito frágil - esta, Veltchanimov suspeita que seja, na verdade, sua própria filha.
Através da narrativa temos acesso aos pensamentos de Veltchaninov, e muito mais que acompanhar os fatos, conseguimos ter acesso à complexidade das emoções humanas e como, vez ou outra, sentimentos ambíguos acabam tomando conta da mesma pessoa. O livro inteiro é uma miscelânea de emoções.
Dostoiévski traz a "O Eterno Marido" suas características típicas: a ironia, o humor sarcástico e o sofrimento humano. É um romance curto, dividido em dezessete pequenos capítulos, o qual nos prende desde a primeira linha.
Apesar de ter sido escrito em 1890 e Dostoiévski ser um clássico da literatura russa, suas obras tem linguagem acessível e fácil até para quem não está acostumado a livros do gênero. Os diálogos presentes na obra são muito bem construídos para nos dar ideia dos conflitos internos a que são submetidos os personagens. Aliás, conflito é uma palavra que define esse livro muito bem.
Essa edição da L&PM pocket tem 173 páginas, e o ritmo da narrativa nos faz querer chegar ao final rapidamente - esse, excelente, como costumam ser os finais das obras de Dostoiévski.
Um livro que vale muito a pena ler, tenha você tido contato ou não com outras obras do autor.
Eu também sou fã dos clássicos! Tenho dificuldade de ler livros atuais porque eles são cheios de referências anteriores e eu queria saber de todas elas AUHHUAHUA Eu só li um livro do Dostoiévski, o Crime e Castigo e gostei bastante, não foi uma leitura fácil, mas valeu a pena!
ResponderExcluirMuito bom o seu post!
Foca no Glitter
Oi! hahahahah entendo teu sentimento, também fico bem curiosa quando leio algo atual com muitas referências de autores clássicos :p Crime e Castigo é um livro excelente, realmente não é tão fácil, mas é muito bom. Meu preferido do Dostoiévski é Humilhados e Ofendidos, vale a pena ler :3
Excluirbeijos
Gosto muito de Dostoiévski, mas não li esse ainda. Sério que é uma leitura fácil? haha Crime e Castigo foi bem complicado pra mim no início, depois que fluiu. O que tu achou da edição? Às vezes não gosto de comprar os livros da LP&M por terem alguns errinhos ortográficos que me incomodam.
ResponderExcluirEnfim, um beijão pra ti, linda!
www.vultuspersefone.blogspot.com
Oi Rafa! É uma leitura bem mais fácil comparada com Crime e Castigo, que é bem complexo e denso (e excelente!). Eu tenho um sentimento ambíguo pela L&PM: são livros fáceis de encontrar, com preços bons, autores clássicos revisados, mas acho bem chatinho de ler pela letra pequena e apertadinha, e realmente, em alguns a gente acha uns errinhos. Mas não teve nada que me incomodou em particular nesse.
Excluirbeijão
Pelo que você contou, parece mesmo ser um livro muito bom!
ResponderExcluirDica anotada, pois ando precisando de umas leituras diferentes na minha estante ^^
bjin
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